quinta-feira, julho 28, 2005

Meta Índia + Separados

Dureza total, clima ruim pra caralho, mas muita coisa pra fazer rolar...

Bia acordou fez alguns telefonemas, e disse "Liguei pro Aman, desmarquei tudo, vou fazer uma reunião com o Ashish e pedir um tradutor Português-Hindi"... Eu questionei alguns pontos dessa decisão, mas ela seguiu firme e forte na sua decisão... fiquei preocupado
com o seguinte: Se for pra resolver o problema, o Aman é demitido já e Ashish sai correndo atrás de um tradutor como o que a Bia especificou... com isso perdemos algumas semanas, péssima idéia. Se não demitir o Aman já, não existe pressão pra contratar outro tradutor e tudo continua na mesma, péssima idéia. Com isso conclui que a decisão da bia era um movimento ruim, muito radical, pouco efetivo e poderia gerar um certo desgaste.

Não apoiei a empreitada, a bia foi sozinha no sarai e eu fui sozinho para o Lnjp... Essa foi a melhor coisa que fiz, cheguei lá não tinha luz elétrica, calor muito forte, tentei explicar porque o Aman e a Beatriz não estavam lá, foi muito divertido pq eu não falo bem nem eles , usamos um vocabulário mais simples, uma gramática de índio e todo correu bem hehheh.

Conheci Ashish Negi, um moleque cabeludo, cheio de gás, acha que sabe tudo , ele fez vários questionamentos técnicos sobre reciclagem de computadores, tipo : "Pq vcs não aproveitam placas-mãe danificadas ?", "O que vcs fazem com o material que não pode ser reaproveitado ?", "O que vcs tem pra nós ? Só isso ? Isso a gente já sabe ! O que mais vc tem ai ?". Muuuito firmeza o moleque, ele me contou que já ocorreram inúmeros, mas inúmeros workshops de montagem de micros nos cybermohallas, e que o pessoal de dakshin puri é coxa, eles nunca aprendem nada (gargalhadas generalizadas). Me contaram que a Pinky é a mais velha no cybermohalla (25), e que ela fez todos os workshops e não aprendeu a usar direito o computador, montar micros nem nada... eles zoaram muito.

Perguntou sobre o mercado de PCs no Brasil, de quebra viu o andarilho e disse: "Velhinho seu laptop hein ?"... me disse que um bom laptop aqui custa 44000 ruppias, coisa de 2400 reais...
O telefone tocou, era o Karim, Karim é o Fernando dos cybermohallas heheh, é um cara com que me identifico muito, ele administra as redes dos compughar, ensina a molecada a como não destruir a rede, administrar pequenos pepinos, conta um monte de histórias... manja alguma coisa, assim como eu hehheh. "hello Fernando, please try setup the internet conection in Lnjp!".
Eu juro que tentei, eles tem um modem paralelo ligado a uma linha telefonica dedicada ( preço fixo ), sendo assim não há segredo, basta conectar... eles usam gentoo nos cybermohallas, uma distro que conheço muito bem, alterei todos as configurações, mudei uma porrada de scripts e só recebia BUSY, BUSY, BUSY pra qualquer número, depois de 1 hora eu tive a curiosidade de colocar meu fone de ouvido na saída P2 do modem... uma voz susurrante dizia algo em inglês, e depois em hindi seguido de um tu...tu...tu...

Tirei o modem da linha telefonica e botei um telefone comum... "Your line is disable, please contact you provider...Apna he disable apkahe line, chiakta apka privider...tu...tu...tu....". Sem comentários, os caras não pagaram a conta.

Com três horas de atraso o Karim chegou e desabou no chão : "Hei Fernando, you drive ?"... "Nop"..."You're a Luck Man", ele estava no trânsito hua hua hua, conversamos sobre o incidente Aman ,ele lamentou esse problema, disse que teria uma reunião com a Monica e o Deebeesh, então falamos sobre o Big Workshop, ele pediu uma reunião sobre o assunto.

Falamos sobre tecnologia e meta-índia, os cybermohalla tem pouco interesse em adotar máquinas velhas, o projeto tem grana, não tem ambição de crescer, mas mesmo assim o Karim encherga essa possibilidade interessante mesmo com todos os problemas que isso vai gerar:

*** CyberMohalla não é acesso a internet : CyberMohalla grosseiramente pode ser chamado de centro de mídia, e para isso é necessário computadores com capacidade multimídia, como Gimp (ok) , Audacity (Em máquina velha, Nem), OOfice (Nem), Abiword (Nem), Cinelerra (Nem), Ardour (Nem), Firefox (Nem), Gravação de CD (ok) ... e de preferencia em tudo em Hindi...

O grande problema, é uma tendencia forte do software livre em ficar pesado, infelizmente com raríssimas excessões todos os softwares livre estão seguindo a lógica macabra do mercado que dita que vc deve adquirir um novo computador a cada 3 ou 4 anos. É claro a velocidade em que isso acontece é diferente para cada tipo de software, mas na média isso já está limitando uma instalação completa e funcional do linux a computadores pII com no mínimo 64Mb de RAM. Para máquinas velhas pro cybermohalla levantamos a seguinte lista de softwares :

* Processamendo de Textos : gedit, xedit, nedit, emacs ou vim.
* Browser : Dillo, Opera 5 ou elinks-x11
* Graficos : Gimp

Nada de Áudio ou vídeo nessas estações:
Só comentando: O opera mesmo feito em QT ainda é o Browser mais leve dos top de linha, o firefox não é leve, não viaja ! O Minimo, browser leve da mozilla fundation, não é leve, tenta rodar ele num p100 com 32 e depois me conta.

Abiword não é mais boa opção pra máquina velha, aquele monte de rederizadores de fontes e novas funcionalidade do gtk2 dobraram o peso do bixo... O gimp2 ainda é usavel em máquinas velhas, ainda.

Tirei da mala um velho projeto meu, chamado STLTS (Small Tatical Linux Terminal Server), onde máquinas com no máximo 64 Mb de RAM rodariam aplicações específicas remotamente, um servidor roda firefox, o outro só roda openoffice etc... Como os servidores vão rodar várias instâncias do mesmo software pode haver uma economia enorme de RAM no servidor e um desempenho decente para os clientes.
Isso é quase como um cluster sem migração de processos, máquinas especializadas em determinadas aplicações.
O Karim achou a idéia legal, mas disse que não saberia como fazer, eu dei os passos, mas esqueci o fundamental... me oferecer pra ajudar hehehhe Ainda há tempo.

Outro problema, a questão da língua... muitos dos softwares mais leves não tem suporte a UTF-8 ou fontes TrueType necessárias para internacionalização do software... isso gera uma demanda muito forte que o karim não sabe como resolver...

Bom cheguei em casa, comi Lady Fingers (Quiabo), e dormi, várias horas depois a bia chegou. O Ashish disse que vai tentar um tradutor, mas pode ser muito caro coisa de 1000 rupias dia (R$ 50), não deu muitas esperanças. A bia encontrou o Deebeesh também, e falou sobre uma reunião de planejamento na segunda feira... é isso.